sábado, 22 de setembro de 2007

ASSESSORIA DE IMPRENSA: é coisa de quem?

texto de hoje no COMfabulando RP:

ASSESSORIA DE IMPRENSA: COISA PARA RP
Marcello Chamusca - Editor de Relações Públicas do guia Sobresites na Internet


Como estudante de comunicação sempre ouvi falar da controversa disputa que existe entre profissionais de Jornalismo e Relações Públicas em relação a atividade de Assessoria de Imprensa (AI). Alguns defendem veementemente a atuação exclusiva do jornalista, outros a atuação mútua e há ainda aqueles que acham que é uma atividade para quem tem competência, independentemente da sua formação. Concordo em parte com essa última corrente. A parte que concordo é a da competência, mas discordo da parte que diz que independe da formação. Contudo, como nunca tive o menor talento para a diplomacia, sou muito pragmático no posicionamento a respeito dessa questão. Depois de ler vários textos a respeito do tema, sobretudo de jornalistas, que se sentem “donos” da atividade e analisar os argumentos utilizados por cada uma das correntes ao esboçarem suas posições, cheguei a uma conclusão: O profissional de Relações Públicas é o único com formação para exercer a função de Assessor de Imprensa devido a necessidade de conhecimentos específicos da área (de RP) para obtenção de resultados satisfatórios na atividade da AI, a saber:
- técnicas para mediar interesses da organização e seus públicos;
- técnicas para mediar conflitos e buscar a cooperação em todos os níveis organizacionais;
- técnicas de gerenciamento de crises internas e externas a partir do profundo conhecimento que o RP deve possuir das políticas da organização, já que muitas delas são criadas ou sugeridas por ele, e das opiniões e expectativas dos seus públicos;
- técnicas para gerenciar as redes de comunicação, estrategicamente, de forma integrada;
- o desenvolvimento da perspectiva das individualidades nas relações com públicos diferenciados;
e, finalmente,
- a noção de que a Imprensa é um público e como tal deve ser estudado e tratado pelas suas especificidades e não homogeneamente como um jornalista, que não tem na sua formação o domínio das técnicas de RP, o trataria.
Essa construção perceptiva não se deu pelo fato de estar buscando, de forma corporativista, defender os interesses da atividade que estou estudando, mas pelo perfil que os próprios jornalistas identificam ser necessário a um profissional para exercer o papel de Assessor de Imprensa. A jornalista Graça Caldas no seu ensaio Relacionamento Assessor de Imprensa/Jornalista: Somos todos Jornalistas! (DUARTE, 2002, P. 309), que em nenhum momento cogita sequer a possibilidade de um simples mortal, que não seja jornalista exercer a atividade de AI, determina que: A complexidade das relações políticas e econômicas que norteiam as ações institucionais exige um profissional com visão de mundo e capacidade analítica para estabelecer as conexões entre os fatos de acordo com os interesses específicos de cada grupo.Ora, estabelecer conexões entre fatos de acordo com os interesses específicos de cada grupo é fazer Relações Públicas. Para isso, será necessário, principalmente, estabelecer e caracterizar os públicos pelos interesses comuns (interesses específicos de cada grupo) e conhecer, profundamente, as relações políticas e econômicas da organização (complexidade das relações políticas e econômicas que norteiam as ações institucionais) que, infelizmente, não será possível ao jornalista pelo simples fato dele não ter a mínima noção das teorias das organizações e de comunicação organizacional, pois essas disciplinas não fazem parte da grade curricular de um jornalista e por conta disso, a não ser que ele seja autodidata ou tenha um curso de pós-graduação em RP, ele não terá como dar conta dessa situação. Em outro tópico do seu egocêntrico texto, já que para ela só existe um tipo de profissional na face da terra capaz de pensar: o jornalista, Caldas (DUARTE, 2002, p.309) afirma que “nas assessorias de imprensa, públicas ou privadas, a preocupação que move os profissionais é, em última instância, a conquista de uma imagem positiva da instituição perante a opinião pública”. E, acrescenta como se defendesse a exclusividade da AI aos RP: “O desafio dos profissionais de comunicação das assessorias é, portanto, não só construir como consolidar essa imagem”. É notório que a área da comunicação que cuida da imagem da organização são as RP. Então, contraditoriamente a tudo que sabemos sobre a atividade de jornalismo, Caldas discursa a favor dos RP: Consciente de seu papel nas políticas institucionais de comunicação, o jornalista-assessor atua como gerente de todo um processo para garantir a visibilidade e a imagem da instituição. O que se espera desse profissional é o auto-conhecimento e a percepção clara do papel da instituição e de sua inserção na sociedade (DUARTE, 2002, p.309).“Jornalista-assessor”? “consciente do seu papel nas políticas institucionais”? “atuando como GERENTE do processo que garante a IMAGEM da instituição”? Como diria o consultor de imagem empresarial Roberto de Castro Neves: - Nós - quem - cara-pálida? Depois desse banho de conhecimento da atividade de Relações Públicas e como uma RP nata, a jornalista Graça Caldas, completa: Só assim, poderá promover adequadamente sua divulgação e administrar eventuais conflitos dentro das expectativas institucionais. Para isso, deve gerenciar a cultura empresarial com transparência na comunicação interna e externa para que a empresa possa adquirir uma postura de empresa cidadã no relacionamento com a comunidade.
Tá ai uma jornalista que conhece a atividade de RP como poucos, só que não tem a mínima idéia disso, pois não sabe que o que está propalando, se trata da genuína atividade de relações públicas e se sabe, faz questão de ignorar (prefiro acreditar na primeira hipótese). Provavelmente, apreendeu essas noções a partir de leituras de artigos e/ou livros de relações públicas. Ora, desde quando o jornalista administra conflitos na organização? Gerencia cultura empresarial, se ele sequer tem noção de administração ou pelo menos de comunicação organizacional? Enquanto o relacionamento da empresa com a comunidade, não há o que se comentar, essa é uma das premissas das RP e, definitivamente, não tem nada a ver com as funções de um jornalista. É importante frisar que a atividade do jornalista é extremamente importante e reconhecida na nossa sociedade. É bom que fique claro que em nenhum momento estou tentando desmerecer o jornalismo ou o jornalista, muito pelo contrário, acredito que essa seja a mais nobre das profissões da área da comunicação social. A atividade de AI, entretanto, apesar da nomenclatura, não cabe no perfil do profissional de jornalismo e sim na do profissional de RP que é formado para trabalhar a comunicação organizacional, é formado para utilizar as ferramentas necessárias para entender melhor o funcionamento da comunicação de uma organização e, conseqüentemente, melhores condições de geri-la. Da mesma forma que um relações públicas não está apto a exercer a função de repórter, por exemplo, já que não tem formação para isso. Pode até fazer, por aptidões pessoais ou autodidatismo, mas, genericamente, não está preparado para fazê-lo.
Bom... que a AI é uma atividade para um profissional com a formação de Relações Públicas, isso, pra mim, não há mais o que discutir. Contudo, existe ainda muita discussão sobre o bom desenvolvimento desta atividade. Como diria o divertido Roberto de Castro Neves:- haja chope!

Texto extraído de:
http://www.sobresites.com/relacoespublicas/colunas/assessoriadeimprensa.htm

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Eu estava lendo vários textos sobre Assessoria de Imprensa e Relações Públicas para discutir, aqui no COMfabulando RP, esse assunto sempre polêmico de uma disputa há muito tempo clara pra mim.
O texto é totalmente parcial, a opinião de um RP sobre quem tem o devido preparo acadêmico para desempenhar a função de assessoria de imprensa. O interessante é que a opinião dele se fundamenta em justificativas satisfatórias, tomando como base habilidades especialmente desenvolvidas na grade curricular do curso de Relações Públicas, desigualmente abordadas no currículo do curso de jornalismo. Jornalista constitui um dos pilares DA IMPRENSA e não da ASSESSORIA DE IMPRENSA. Jornalista é o PÚBLICO a ser assistido por uma assessoria e NÃO QUEM ESTÁ ACADEMICAMENTE HABILITADO A EXECUTAR ESSA ASSISTÊNCIA. Isso não é difícil de entender. Onde está a origem de toda essa discussão em torno do tema então? Na minha opinião, a origem de quase todos os entraves da profissão de Relações Públicas tem um mesmo vértice: a falha no processo de regulamentação das atividades compreendidas ao RP, o conhecimento inseguro a respeito das funções dos Relações Públicas e, em especial a fraqueza dos órgãos de representação em RP, ainda incapazes de se fazer impôr em meio às demais classes trabalhistas.

COMfabuladora Bruna Silva Araujo.

4 comentários:

Unknown disse...

Até que enfim um texto que tem fundamentação.
Desde que entramos na faculdade, seja por congressos ou semana de RP, que sempre há esse lenga-lenga, uma discussão interminável sobre quem deve realizar assessoria de imprensa. São debates infinitos dos quais nos dão a impressão que o RP é mais apto por uma questão de "feeling".
A argumentação neste texto é muito válida e sólida, parabéns ao autor!
Agora, tenho que discordar quanto as generalizações feitas no texto, pois conheço muito RP que escreve melhor que jormalista e jornalista que se sai melhor que um RP. Muita calma nessa hora!

COMfabuladora Elaine

Arlindo Rebechi Jr. disse...

Bruna, essa discussão (contrapor jornalista e RP), nestes termos, não seria algo sem sentido para o momento em que vivemos? Vejo a questão como algo já bastante desgastado, senão como uma causa bairrista. Sob minha perspectiva, está é uma questão menor para a formação dos alunos e profissionais. Certamente, as organizações não estão nem aí para o que convencionou chamar de problemas de áreas que se chocam.
Não se trata, talvez, de saber quem faz melhor assessoria. Mas, sim, que a assessoria seja discutida e analisada por todos como uma atividade.
PS: 1. Cuidado com o texto do autor, ele possui "contradições grotescas". 2. Procure colocar o link e não texto integral. Assim, valoriza sua opinião.

Tatiana Vasco disse...

Ahã! Coisa pra RP, afinal um RP estuda anos sobre a função de Jornalista e nada melhor do que um RP para saber como um jornalista pensa, não outro Jornalista como eu pensava...
Convenhamos...

Anônimo disse...

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